Valor: Valor Online (28/01/2011)
"O relatório preliminar do Banco Central (BC) sobre o rombo no Banco PanAmericano, concluído no ano passado, apontou para um desequilíbrio patrimonial de R$ 2,0786 bilhões no banco e de outros R$ 312,4 milhões na PanAmericano Administradora de Cartões de Crédito Ltda., somando R$ 2,39 bilhões. Até agora, os detalhes do rombo que motivou o aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito em novembro não haviam vindo à tona. A descrição detalhada encontra-se em documento ao qual o Valor teve acesso e que aponta inconsistências relevantes na cessão de créditos da instituição.
Segundo o BC, enquanto o banco de Silvio Santos informava um total de R$ 1,60 bilhão em carteiras de crédito cedidas, os bancos compradores dessas carteiras informavam que esse total era de R$ 5,59 bilhões.
Os problemas não se restringiram às informações desencontradas sobre o valor das carteiras cedidas e compradas. O PanAmericano também apresentava informações conflitantes em seus balanços em relação a essas carteiras. Enquanto em um determinado mês algumas delas eram apresentadas como cedidas, em outras voltavam a fazer parte da carteira de créditos do banco - sem, no entanto, haver registro de qualquer recompra dos créditos. Segundo o relatório do BC, os ativos inexistentes no balanço do banco por causa dessas operações somavam R$ 1,4 bilhão.
Outra fonte dos problemas contábeis do PanAmericano foi a forma de contabilização de contratos de empréstimo. Em alguns casos em que os tomadores de créditos estavam inadimplentes, esses valores devidos deveriam ter sido baixados da carteira de crédito e colocados na conta "bens não de uso próprio", que incorpora as garantias dadas nos empréstimos e assumidas pelo banco. Da mesma forma, há situações em que os contratos foram quitados antes de seu vencimento pelos clientes, mas que as parcelas futuras continuavam a fazer parte das carteiras de crédito, que eram cedidas. E, em uma terceira situação, saldos devedores refinanciados foram mantidos como cedidos. Somente esses três tipos de problemas nos contratos envolvem a quantia de R$ 673,7 milhões.
No caso da administradora de cartões de crédito do PanAmericano, a fiscalização do Banco Central apurou que rombo chega a um total de R$ 312,4 milhões, decorrente de perdas em carteiras que não foram contabilizadas (ver quadro nesta página).
O relatório produzido pelo Banco Central foi encaminhado à Polícia Federal, que abriu um inquérito para investigar supostos crimes financeiros cometidos pelos executivos que estavam no comando do PanAmericano até o fim do ano passado."
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário