Valor Online
26/01/2010 18:43
A semana é outra, mas a fonte de preocupação que derruba o preço dos ativos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) continua a mesma: o temor de um aperto monetário na China e a consequência disso sobre o preço das commodities.
O Ibovespa oscilou 1.494 pontos nesta terça-feira, todos em direção de baixa, antes de fechar o dia marcando desvalorização de 1,05%, aos 65.523 pontos. Tal pontuação é a menor desde 13 de novembro. O giro financeiro ficou em R$ 6,47 bilhões. Esse foi o quarto pregão seguido de desvalorização.
Segundo o analista de investimentos da Spinelli Corretora, Max Bueno, as notícias de restrição ao crédito na China trazem dúvidas sobre a continuidade do crescimento acelerado no país, o que leva os agentes a vender commodities e ativos correlatos.
Outro ponto salientado pelo especialista é a reforma do sistema bancário nos Estados Unidos. As restrições às operações de tesouraria atingem uma importante fonte de receita das instituições.
Ainda de acordo com Bueno, as notícias envolvendo a China e os EUA se somam a um pano de fundo marcado pela percepção de um ciclo global de aperto monetário e enfraquecimento do euro por problemas em economias periféricas da Zona do Euro.
"Até que essas incertezas estejam mais claras, a postura defensiva deve predominar. Ainda mais se levarmos em conta os ganhos acumulados nos últimos meses", resume Bueno.
Um sinal dessa cautela é o comportamento do investidor estrangeiro na Bovespa. O saldo de negociação direta que já passou os R$ 900 milhões positivo, passou a ser negativo em R$ 582 milhões no acumulado do mês até o dia 21. Apenas nos pregões dos dias 20 e 21, os estrangeiros venderam mais de R$ 1 bilhão em papéis brasileiros.
No front corporativo, Bueno destaca as siderúrgicas, que defenderam alta. As compras foram estimuladas por dados mostrando recuperação de produção e preços no final de 2009.
Gerdau PN ganhou 0,88%, a R$ 26,28, além dos dados positivos para o setor, a companhia anunciou um programa de recompra de ações. CSN ON se valorizou 0,46%, a R$ 53,85, e Usiminas ON teve acréscimo de 0,69%, a R$ 47,88.
Puxando as perdas, Vale PNA cedeu 2,62%, para R$ 42,60, marcando o quarto dia seguido de baixa. Já Petrobras PN perdeu 2,44%, para fechar a R$ 33,90, menor preço desde setembro do ano passado.
As ações da OGX Petróleo também ajudaram a limitar as perdas do dia. O papel ON ganhou 0,45%, a R$ 17,70. A Bradesco Corretora elevou o preço alvo do papel de R$ 23,9 para R$ 26,5 em dezembro.
Ainda entre os mais negociados, Itaú Unibanco fechou com leve alta de 0,24%, a R$ 36,34, e Bradesco PN ganhou 0,50%, a R$ 31,94. Já Banco do Brasil ON caiu 2,69%, a R$ 27,77.
Destaque de alta para Cesp PNB, que subiu 4,84%, para fechar a R$ 23,60. Também de caráter defensivo, Eletropaulo PNB avançou 4,76%, a R$ 36,26, e Cemig PN se valorizou 4,45%, a R$ 30,70.
No lado oposto, Natura ON recuou 5,38%, fechando a R$ 33,40. LLX Logística ON, Eletrobrás ON, B2W Varejo ON, Fibria ON, BRF Foods ON, JBS ON e TIM Part PN e ON caíram ao menos 3% cada.
Fora do índice, foi registrada uma corrida em direção às ações da Telebrás. O papel PN saltou 23,28%, para R$ 1,80, com mais de R$ 61 milhões em volume. O papel ON ganhou 15,89%, a R$ 1,75.
Os recibos de ações da Laep, que controla a Parmalat, subiram 8,26%, para R$ 2,62, com giro de R$ 59 milhões.
(Eduardo Campos | Valor
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