terça-feira, 9 de setembro de 2014

Grandes empresas perdem valor de mercado

Extraído: http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?

Queda na cotação das ações de algumas companhias já ultrapassa 30% no acumulado do ano até 5 de setembro
Rafael Tomaz              


Diante do momento adverso, tanto no mercado interno quanto no externo, e das previsões negativas para o médio prazo, as principais siderúrgicas e mineradoras no país seguem perdendo valor de mercado. E a queda na cotação das ações de algumas destas empresas já ultrapassa 30% no acumulado deste ano.

Entre as companhias de siderurgia destacam-se as duas principais produtoras de aços planos do país. As ações da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas), por exemplo, caíram 37,7% no acumulado de 2014 até a primeira semana deste mês, com o valor do papel (USIM5) passando de R$ 13,42 para R$ 8,36. Já as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) acumulam queda de 30,4%. O papel (CSNA3) foi negociado a R$ 14,04 no primeiro pregão deste ano e a R$ 9,76 em 5 de setembro.

O analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, explica que entre os fatores que afetam os papéis das duas empresas está a piora no quadro do setor industrial. Para se ter uma ideia, a produção de veículos, que consome boa parte dos aços planos no país, caiu 18% de janeiro a agosto ante igual intervalo de 2013.

O especialista aponta também queda na confiança do empresário, o que demonstra tendência de redução no volume de investimentos. Além disso, as projeções do setor siderúrgico para 2014 são negativas, prejudicando a cotação dos papéis na Bovespa.

Além das fabricantes de planos, o momento ruim da economia brasileira impacta também o segmento de longos. Prova disso é que as ações da Gerdau (GGB4) acumulam queda de 26,5% até a primeira semana de setembro. O papel, que iniciou o ano cotado a R$ 18,24, fechou o pregão da última sexta-feira em R$ 13,40.

O analista da Tendências Consultoria, Bruno Rezende, lembra que as siderúrgicas nacionais perderam competitividade frente ao aço importado e reduziram um pouco sua participação no mercado doméstico.

Além disso, completa Rezende, os papéis são influenciados pela expectativa de manutenção de um cenário negativo no próximo exercício. "Em 2015, as perspectivas são de um ano duro", diz. Isto se deve, conforme ele, aos ajustes econômicos que deverão ser feitos no próximo governo e que deverão impactar a atividade.

Rezende acrescenta que as importações também deverão continuar em 2015. A sobreoferta no mercado internacional, aliada ao câmbio valorizado, deverá manter o aço importado competitivo.



Minério - Já a queda de 37,7% no preço internacional do minério de ferro, que atingiu ontem US$ 83,60 a tonelada na China, vem derrubando as ações da Vale. O papel da companhia (VALE3) caiu 18,84% na mesma base de comparação, passando de R$ 34,81 para R$ 28,25 em 5 de setembro.

A desvalorização afeta também as siderúrgicas que produzem a commodity. E algumas empresas, como a Gerdau e a Usiminas, estariam adiando os embarques por conta da queda na cotação internacional do insumo.


              

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Contadores estão entre os profissionais mais raros no Brasil

Extraído: http://contabilidadenatv.blogspot.com.br/2014/09/contadores-estao-entre-os-profissionais.html

 
“São áreas com forte apelo técnico”, comenta Márcia Almström, diretora de recursos humanos da empresa responsável pelo levantamento, cuja versão global entrevistou mais de 37 mil empregadores. Isso quer dizer que é só lidar bem com números e o emprego está garantido? Não é bem assim, segundo a executiva. Almström explica que, associadas a competências técnicas, também estão em falta as chamadas ‘soft skills’ ou habilidades mais ‘brandas’, ligadas a gestão e liderança, por exemplo. 
“Para se dar bem num mercado tão sedento por eles, esses profissionais raros precisam construir sua carreira além do conhecimento técnico e buscar outras qualificações”, afirma. Dos 42 países focalizados pela pesquisa, o Brasil é o 4º com maior escassez de talentos, empatando com a Argentina. “Entre outros motivos para essa situação, há um grande aumento da competitividade, avanços tecnológicos e lacunas na formação profissional”, explica Almström. Além dos profissionais já citados, no ranking também figuram operários, motoristas, técnicos e trabalhadores de ofício manual.
A seguir, veja lista dos 10 profissionais mais buscados no Brasil:
1. Operários
São os profissionais que fazem qualquer tipo de trabalho braçal em diversos setores da economia, como indústria, agricultura e comércio.
Por que estão em falta: “Está difícil encontrar quem tenha experiência como operário”, aponta Márcia Almström, diretora de RH do Manpower Group. De acordo com ela, o mercado está esvaziado pela busca natural dos profissionais por ocupações mais qualificadas e consequente aumento de renda.
Posição no ranking em 2014: 1º
Posição no ranking em 2013: 5º
2. Técnicos
São profissionais formados em cursos com duração habitual de 2 anos. Exercem tanto funções gerenciais quanto operacionais em diversas áreas, como automoção, alimentos ou edificações, por exemplo.
Por que estão em falta: Segundo Almström, nos últimos 30 anos, pouco se investiu em cursos para formar técnicos no Brasil. “Hoje, colhemos os frutos de privilegiar o ensino superior, e só colheremos os frutos de programas como o Pronatec daqui a alguns anos”, diz.
Posição no ranking em 2014: 2º
Posição no ranking em 2013: 1º
3. Motoristas
Os condutores de veículos mais escassos são os ligados ao transporte de cargas, isto é, os motoristas de caminhão.
Por que estão em falta: Ser motorista hoje não é só saber dirigir – e a mão de obra não tem acompanhado as novas exigências. “Pela evolução dos meios de transporte, esse profissional precisa dominar diversas tecnologias, como o GPS, além de painéis e dispositivos cada vez mais sofisticados presentes nos caminhões”, explica Almström.
Posição no ranking em 2014: 3º
Posição no ranking em 2013: 7º
4. Secretários pessoais, assistentes administrativos e auxiliares de escritório
São profissionais que exercem funções de apoio à administração, articulando o trabalho cotidiano do escritório e facilitando fluxos.
Por que estão em falta: Novamente, faltam competências exigidas pelo mercado atual. Isso porque faz parte do passado a figura da secretária que só atendia telefonemas e anotava recados. “Hoje é preciso dominar idiomas, ter conhecimento em programas como Excel e dominar ferramentas online de teleconferência, por exemplo”, explica Almström.
Posição no ranking em 2014: 4º
Posição no ranking em 2013: 8º
5. Trabalhadores de ofício manual
São profissionais autônomos que empregam habilidades específicas, tais como eletricistas, costureiras, sapateiros, pintores e encanadores.
Por que estão em falta: A situação se deve à movimentação da força de trabalho na direção de atividades com maior qualificação. “Esses profissionais têm buscado formação para melhorar de vida, e acabam abandonando suas ocupações antigas”, diz Almström.
Posição no ranking em 2014: 5º
Posição no ranking em 2013: 4º
6. Profissionais de TI
São aqueles que cuidam da infraestrutura, da gestão de computadores e de todos os processos relacionados a tecnologia da informação. O profissional é disputado tanto por empresas de desenvolvimento de software quanto por bancos e companhias de telefonia celular, por exemplo.
Por que estão em falta: As empresas têm apresentado demanda crescente por soluções de TI, mas não há oferta suficiente de mão de obra. “O ritmo de formação de profissionais ainda não acompanha a expectativa dos contratadores”, explica a diretora de RH do Manpower Group.
Posição no ranking em 2014: 6º
Posição no ranking em 2013: não apareceu
7. Contadores e profissionais de finanças 
São aqueles que acompanham, medem e garantem a saúde financeira da empresa. Em tempos de exigência por produtividade máxima, cuidam da gestão dos custos e da rentabilidade do negócio.
Por que estão em falta: A realidade no mundo dos negócios mudou. Hoje, as empresas não precisam apenas do profissional que registra dados numéricos e faz apontamentos. “É preciso dominar o aspecto técnico das finanças, mas também ter um perfil de influenciador e consultor interno a respeito do negócio”, (Almström).
Posição no ranking em 2014: 7º
Posição no ranking em 2013: 3º
8. Operadores de máquinas e de produção
São profissionais que dominam o manuseio operacional de diversas máquinas na indústria e na agropecuária, por exemplo.
Por que estão em falta: A falta de profissionais habilitados para suprir a demanda tem a ver com os avanços tecnológicos em maquinarias. “Hoje, os equipamentos são muito mais complexos do que há 20 anos, e faltam profissionais com competências em dia com essas atualizações”, explica Almström.
Posição no ranking em 2014: 8º
Posição no ranking em 2013: 2º
9. Engenheiros
São profissionais que podem ser empregados em praticamente qualquer tipo de indústria. Hoje fazem falta engenheiros para áreas que vão de infra-estrutura e exploração de petróleo até bancos e empresas de telecomunicações.
Por que estão em falta: Almström afirma que os cursos de Exatas têm despertado pouco interesse nos jovens, o que explicaria em parte a falta de engenheiros. “Além disso, a demanda por eles cresceu muito nos últimos anos, devido à necessidade de desenvolver a economia”, afirma.
Posição no ranking em 2014: 9º
Posição no ranking em 2013: 6º
10. Gerentes de vendas
São profissionais responsáveis pela geração de negócios, muitas vezes em escala global, combinando habilidades de gestão, conhecimentos em finanças e domínio da comunicação.
Por que estão em falta: “Ter lucro ficou mais difícil com a nova forma de fazer negócios hoje”, diz Almström. Gerir vendas se tornou um papel muito mais complexo do que no passado. “É preciso ser mais criativo, saber lidar com números e ter capacidade de liderar, mas poucos são os profissionais que atendem a todas essas exigências”, afirma.
Posição no ranking em 2014: 10º
Posição no ranking em 2013: não apareceu

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Auditores independentes conhecem mudanças nas normas internacionais

Fonte: Jornal do Comercio (Roberta Mello)

Com status de uma das profissões mais promissoras da atualidade, a auditoria não para de se reinventar. Depois da adesão do Brasil às Normas Internacionais de Contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS) e de Auditoria (International Standards on Auditing - ISA), a luta dos auditores agora é para se manterem atentos às novidades, aperfeiçoar o conteúdo do relatório e corresponder às expectativas de um mercado cada vez mais exigente.

Em sua 4ª edição, a Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, realizada nos dias 18 e 19 de agosto em São Paulo, buscou debruçar-se sobre esses temas. A lotação do evento, promovido pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) na capital paulista, e a variedade de sotaques ouvidos deixavam clara a grande procura por qualificação profissional de auditores de todo o País.

Se “sem auditor independente não existe mercado de capitais”, como diz a diretora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Ana Novaes, tampouco pode se negar o aumento da responsabilidade ou da pressão sobre esse profissional. Contudo, é preciso ficar claro que o auditor não pode ser considerado responsável por potenciais fraudes ou inconsistências nas demonstrações financeiras das organizações.

Caracterizado como um “intermediário informacional entre a empresa de capital aberto e o mercado de capitais” pelo professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) Nelson Carvalho, o auditor independente apenas avalia subjetivamente a demonstração contábil. “Antes, acreditávamos em um engodo de que os balanços eram um somatório de exatidões matemáticas. Porém, eles têm apenas três coisas exatas: a data, o caixa e a quantidade de ações em circulação”, garante Carvalho.
Embora a opinião do auditor seja um dos fatores levados em conta na tomada de decisões dos investidores, ele tem basicamente o compromisso de verificar se as demonstrações financeiras da empresa estão conforme as normas. “Não podemos confundir o trabalho da auditoria com o de uma empresa de seguros. O auditor não toma decisões na empresa nem pela empresa. Ele se preocupa se o produto das decisões está refletido nos balanços”, diz Carvalho.
O advogado Luiz Leonardo Cantidiano, sócio no Motta, Fernandes Rocha Advogados, lembra que a função do auditor independente está bem clara na Resolução 2.206 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e que, do ponto de vista jurídico, não pode ser julgado culpado por práticas que fogem à sua alçada. “Não há nada na legislação societária que estabeleça responsabilidade solidária entre auditor e a administração da sociedade financeira perante terceiros”, determinou o advogado, pontuando que o auditor pode ser punido caso cometa erros no que lhe cabe.
Apesar do aumento de funções, os casos de processos colocando em dúvida o relatório do auditor continuam sendo raros. Dados da CVM apontam que dos 37 processos abertos pelo órgão nos últimos cinco anos, apenas 15 foram levados a julgamento. Dos julgados, um resultou em suspensão do desempenho da atividade por dois anos, dois foram absolvidos, e outros 12, multados.
Tendo em vista a complexidade ao avaliar um crime envolvendo a figura do auditor independente, o promotor de Justiça de Falências do Ministério do Público de São Paulo (MPSP), Eronides Aparecido dos Santos, destacou que recentemente o Superior Tribunal de Justiça (STJ) apontou como mais adequada uma via alternativa às utilizadas - Subjetiva e Objetiva. A Responsabilidade Civil Subjetiva com Presunção de Culpa dá ao auditor a possibilidade de “comprovar que a conduta não foi culpável mantendo o incentivo a não ser negligente”.

Novo relatório destaca opinião de profissional

Contrariando a máxima de que os contadores são indivíduos preocupados exclusivamente com números, esses profissionais estão se envolvendo mais na gestão empresarial e, no caso dos auditores, com as necessidades das empresas contratantes e das instituições de crédito. Resultado disso, por exemplo, são as recentes mudanças no Relatório de Auditoria. Mais direto ao ponto, ele começará pelo campo opinativo e refletirá a valorização do seu ponto de vista no mercado atual.
Até 2009, ano em que o País adotou a Resolução 1.231/2009 do CFC – normas sobre os objetivos gerais do auditor independente -, o relatório continha três parágrafos bastante sucintos. Depois da sua implantação até agora, o relatório passou a contar com mais elementos, entre eles Introdução, Relatório da Administração, Relatório do Auditor e Opinião.
O Novo Relatório do Auditor Independente, em fase avançada de discussão na International Federation of Accountants (Ifac), propõe que se comece pela Opinião do Auditor e a descrição do que foi examinado, com o detalhamento do que serviu como base para a formação dos pareceres do profissional. Outra grande novidade é a descrição dos assuntos-chave da auditoria, como, por exemplo, áreas de risco significativo, áreas em que o auditor teve dificuldade e circunstâncias que exigiam mudanças.
Segundo o membro do International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) e da Comissão Nacional de Normas Técnicas do Ibracon, Valdir Coscodai, os auditores terão também que opinar sobre a capacidade de continuidade operacional da empresa – o chamado going concern. “O Novo Relatório de Auditoria manterá a natureza binária da opinião do auditor, contudo, o mercado vem exigindo a complementação com descrições mais específicas”, explica Coscodai.
O coordenador do Comitê de Normas de Auditoria do Ibracon, Claudio Longo, adverte ainda que o relatório passará a conter, obrigatoriamente, a identificação do responsável pelo documento, ou seja, um dos sócios da firma de auditoria. “Para nós brasileiros, esse não será um problema. Mas, em outros países, é comum que um funcionário assine em nome da empresa”, conta Longo. As novas normas devem ser finalizadas ainda em 2014. A previsão é que o processo de implantação seja finalizado em 2016.

IASB traça cenário das IFRS para os próximos anos

As Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS, na sigla em inglês), emitidas pelo Comitê Internacional de Contabilidade (IASB), constituem uma fonte de referência para as práticas contábeis mundiais. Pelo fato de representarem um conjunto de normas constantemente atualizadas com as exigências do mercado mundial, elas têm sido adotadas, em diversos países, como é o caso do Brasil.
As regras e rotinas se atualizam em ritmo frenético. Para estar sempre de acordo com o prazo, o ideal é acompanhar as novas formulações desde a concepção, participar de audiências públicas e estudar os instrumentos antes mesmo de se tornarem obrigatórios, buscando uma adequação gradativa dentro da firma de auditoria.
Amaro Gomes, que integra o International Accounting Standards Board (IASB), apresentou as novidades da entidade no que se refere às IFRS. Entre os destaques, está a IFRS9, aplicável no Brasil a partir de 2018 e que deve substituir o Instrumento Financeiro IAS 39. Gomes lamentou a impossibilidade de as empresas optarem pela adoção antecipada do novo instrumento e lançou o desafio de aplicar o IAS 39 tendo em vista o IFRS9, mais completo.
Além desta, o IFRS15 - Revenue from Contracts with Customers (Receitas de Contratos com Clientes, em tradução livre) está em fase de elaboração e inova ao introduzir o conceito de controle sob a ótica do cliente. “Ele consolida o que tínhamos no IFRS14 e deve afetar principalmente as empresas de telefonia móvel”, explica o representante do IASB. O IFRS15 deve entrar em vigor a partir de 2017.
A vice-presidente técnica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Veronica Souto Maior, destaca que os auditores devem ir além de buscar adequar-se às novidades nas normas publicadas pelo órgão internacional. Uma oportunidade está na atenção às Pequenas e Médias Empresas (PMEs). “Alguns países do mundo adotaram as normas apenas para companhias abertas. No entanto, o ambiente brasileiro é diferente”.
O crescimento da valorização do auditor comprova sua credibilidade no mercado nacional. A obrigatoriedade da educação continuada e o ambiente competitivo contribuem para isso. Estar de acordo com as normas internacionais em um País com uma estrutura tributária complexa parece difícil. Mas, como diz o coordenador do Comitê de Normas de Auditoria do Ibracon, Claudio Longo, “as discussões sobre os métodos já passaram. O que é necessário fazer agora é pensar em como cuidar dessas mudanças”.