sexta-feira, 1 de julho de 2011

Casino x Pão de Açucar III

Fonte: Extraído do Valor econômico

Plano é usar Casino para convencer Cade a aprovar negócio

As consultorias que fizeram a modelagem da união entre Pão de Açúcar e Carrefour Brasil foram buscar em seu maior rival, o Casino, os argumentos para garantir uma futura aprovação do negócio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em análises preliminares sobre a fusão, elas listaram várias afirmações de Jean Charles Naouri, o principal executivo do Casino, a respeito do varejo.

Nelas, Naouri diz que o grande hipermercado não é lucrativo e que o futuro está em pequenas lojas mais próximas dos consumidores. O futuro do varejo estaria na segmentação fina dos consumidores, segundo entrevista de Naouri ao "Les Echos", o principal jornal econômico francês, em março.

Na ocasião, ele se referiu a um movimento que chamou de "comércio de precisão" no qual o ideal para as varejistas é ter lojas adaptadas a segmentos específicos de consumidores.

Isso é tudo o que grandes redes do varejo que estão se unindo querem ouvir, pois indica que megafusões no setor não seriam capazes de prejudicar a concorrência ou os consumidores.

Na entrevista ao "Les Echos", Naouri, que também é o maior acionista do Casino, disse que não acredita muito no modelo de hipermercado.

Primeiro, ele apontou que esse tipo de ponto de venda sofre a concorrência das lojas especializadas, como as redes de eletrodomésticos. Em seguida, ele falou que o consumidor unipessoal (sem preferência específica por produtos e mais adaptado aos hipermercados) está envelhecendo.

Naouri afirmou também que as crises econômicas favorecem as lojas perto de casa e que as altas nos preços da gasolina limitam a atração dos hipermercados - normalmente mais afastados dos bairros.

O executivo avaliou que o grande e o hipermercado não são lucrativos e que o futuro do varejo europeu está na loja alimentar de bairro. Ele disse também que o comércio eletrônico vai ser a opção mais competitiva no futuro. No caso do Brasil, o executivo argumentou que a fase de crescimento através de hipermercados já terminou. Ela só funcionaria em países subdesenvolvidos, o que não seria o caso brasileiro.

Agora, essas avaliações de Naouri estão sendo utilizadas por analistas no Brasil para mostrar que há espaço para a união de grandes redes do setor, pois os hipermercados não seriam tão decisivos na preferência dos consumidores.

O objetivo é utilizar o pensamento do executivo do Casino a favor da união Carrefour-Pão de Açúcar, quando e se ela for notificada para o Cade. Só que o empresário francês, que fez um acordo para assumir o controle do Pão de Açúcar (do qual já é o maior acionista, com 43% do capital), a partir de 2012, é contra a união do grupo de Abílio Diniz com o Carrefour, seu maior rival na França.

No Cade, a avaliação preliminar é a de que a concentração de supermercados resultante da união entre o Pão de Açúcar e o Carrefour seria mais forte nas regiões Sul e Sudeste. Para avaliá-las, o órgão antitruste não vai levar em conta apenas a participação geral das duas redes no país como um todo, que é de 32%, mas sim as participações locais em cidades e bairros, que podem ser maiores ou menores do que esse percentual.

Ontem, o presidente do Cade, Fernando Furlan, afirmou que nos locais em que só houver lojas das duas redes, o domínio seria de 100% e, portanto, as empresas teriam de vender algo para concorrentes. "Se, por exemplo, em uma cidade, só existir uma loja do Carrefour e uma do Pão de Açúcar, vamos ter uma concentração de 100% e alguma restrição terá que ser feita. Por exemplo, uma das lojas terá que ser vendida a um terceiro", disse.

Essa foi uma sinalização de que, dificilmente, o negócio será aprovado sem restrições, pois algumas lojas terão de ser vendidas para concorrentes nos locais de maior concentração.

O Cade também está fazendo a análise final a respeito da união entre o Pão de Açúcar, a Casas Bahia e o Ponto Frio. Nela, o órgão antitruste tem como base o parecer da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda que pede alienações de lojas em 12 cidades em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Mas ainda não há prazo para a realização do julgamento neste caso.

Um comentário:

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