sábado, 25 de setembro de 2010

IPO: o antes e depois em empresa familiar

CFO das Lojas Marisa, Paulo Borsatto conta os desafios da abertura de capital da empresa nas vésperas da crise

Se durante a manhã, o CFO do Magazine Luiza, Vitor Fabiano, expôs as diferenças entre a entrada no mercado de ações de uma empresa com controle familiar e outra com gestão mais profissionalizada, no período da tarde desta sexta-feira (13), o CFO das Lojas Marisa, Paulo Borsatto, contou como isso ocorreu na prática e com outros níveis de dificuldade que vão do alto endividamento, a pressão por crescimento e o momento para o começo do processo, que ocorreu no final de 2007, com os primeiros indícios de crise no mercado. O debate fez parte da segunda rodada do Intercâmbio de Ideias sobre IPO: antes e depois- programação do Financial Forum 2010, na Praia do Forte, na Bahia.

A lojas Marisa contava com uma concorrência agressiva das Lojas Renner, C& A e Riachuelo, por volta de 2005, foi quando a ideia de captação de dinheiro no mercado de ações começou a surgir no horizonte da empresa. A companhia com mais de 50 anos de mercado tinha um controle familiar dirigido pelos três filhos do fundador e era vista pelo mercado como uma companhia muito fechada. Borsatto conta que a auditoria que a empresa sofria era passiva, ou seja, algumas informações eram levantadas para mostrar aos sócios, mas muitas outras continuavam em sigilo. Nesse caso, o antes do IPO foi contratar uma auditoria para fazer um trabalho com informações de três anos antes. Com essa ação foram descobertos alguns imóveis que abrigavam as lojas que estavam em nome dos sócios. Teve todo um processo para os estabelecimentos passarem a ser locados, por não se tratar do foco da companhia e não o "ideal" praticado no mercado. " Somos uma empresa de varejo, não administramos imóveis", conta o executivo.

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A época a empresa faturava R$600 milhões, mas objetivava chegar aos primeiros bilhões e necessitava crescer para acompanhar os concorrentes. "Tínhamos que crescer com endividamento, pois fundos como o privete equity não era a ideia. Nossa ideia era o IPO, mas em 2006 os resultados não foram bons, portanto seguramos mais um pouco", explicou o executivo sobre o planejamento na entrada no mercado de capitais foi adiado, pois a empresa precisava de um histórico com bons desempenho.

Adiado o IPO no primeiro semestre de 2007, a programação era para o período seguinte, mas teve um outro fator: problemas de inadimplência com os cartões previte label da companhia e o começo dos indícios da crise. Mesmo assim, Borsatto não podia voltar atrás e iníciou a série de road show em outubro de 2007, a Marisa foi a última empresa a abrir o capital em 2007.

Nesse momento o endividamento da empresa já era de dez vezes o EBTDA. Segundo o executivo, com um planejamento estratégico voltado ao crescimento e informações do mercado nacional eram os principais argumentos para vender a companhia no mercado. Se a ação começou valendo R$10, na crise foi a R$2,80, hoje, ela já voltou a valorizar e segundo o executivo a abertura de capital trouxe enúmeros benefícios à gestão da empresa." É muito bom para companhia. Eu acho mais fácil de operar".

Só 25% da Marisa é negociada em bolsa, sendo 14% pertence a um fundo, os outros 75% estão na mão dos sócios da empresa que, atualmente fazem parte do conselho de administração da companhia sendo que um deles ocupa o cargo de presidente da companhia e do Conselho. " Hoje, além do conselho de admnistração, a família teve que se educar para prestar contas ao conselho".

Fonte: FinancialWeb

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