Por Natalia Viri | De São Paulo
A volatilidade que tomou conta do mercado brasileiro neste ano deve servir como um teste para o sucesso da adoção das normas internacionais de contabilidade (IFRS) no país, afirmaram especialistas presentes em encontro sobre contabilidade e controladoria realizado ontem pela firma de produtos para gestão contábil SCA Systema em São Paulo.Empresas e auditores devem redobrar o cuidado com a preparação e a revisão das demonstrações financeiras deste ano em meio ao sobe-e-desce de indicadores e as incertezas que rondam a economia. Esse é o primeiro ano de nervosismo exacerbado do mercado sob a vigência do IFRS no país. O padrão internacional passou a vigorar no Brasil em 2008, mas sua adoção só se tornou obrigatória para os balanços referentes a 2010. “As empresas terão de ter muito cuidado para estabelecer os parâmetros para julgar itens como o valor justo de seus ativos e passivos e realizar eventuais baixas contábeis. Há uma resistência em realizar essas baixas em tempos de resultados menores”, afirmou Bruce Mescher, sócio de auditoria da Deloitte. Nesse contexto, os auditores ressaltam a importância de práticas de julgamento contábeis bem estabelecidas dentro das companhias para que se possa tomar decisões referentes à avaliação de seus ativos e passivos, bem como da situação patrimonial. “É preciso estabelecer a que instâncias cabem decisões como avaliação das taxas de desconto utilizadas nos modelos. Os preparadores de balanços têm de se perguntar se há um processo estabelecido para isso e se há controle sobre ele”, ressaltou Paul Sutcliffe, sócio da Ernst & Young (EY). Para ele, muitas empresas ainda fazem esse tipo de avaliação “no olho” e trabalham com contas de chegar, ajustando os modelos para obter o resultado final desejado, sem estabelecer os parâmetros prévios de avaliação que dariam mais fidelidade ao registro contábil. Segundo Amaro Gomes, membro do conselho internacional de normas contábeis (Iasb, na sigla em inglês), a padronização dos julgamentos contábeis dentro das companhias exige uma maior integração entre as áreas de controladoria e as divisões mais operacionais. “O IFRS foi desenhado para proteger e ampliar a gama de informações financeiras aos investidores e não mirando o gerenciamento das empresas. Mas o aprimoramento de gestão é uma consequência imprescindível”, disse o executivo. A desvalorização do real frente ao dólar e a instabilidade da moeda americana aumentaram o interesse das companhias pela contabilidade de hedge. A adoção da prática que contrapõe dívidas em moeda estrangeira e receitas com exportações pela Petrobras e pela Braskem também aguçou a curiosidade dos empresários. “Diversos clientes têm nos procurado para entender melhor o modelo e verificar qual a viabilidade de implantação”, disse Bruce Mescher, da sócio da Deloitte. Mas a “popularidade” da medida exige um tratamento cauteloso. Segundo ele, a contabilidade de hedge exige uma estrutura ampla e eficaz de controles internos e de preparação de documentos para provar a eficácia do método e, que, portanto, não está acessível a todas as companhias. Além disso, é preciso que os auditores fiquem atentos na motivação das companhias em adotar a medida: “Pode haver uma vantagem momentânea com a redução das perdas financeiras, mas, no longo prazo, a regra é neutra em termos de efeito no lucro. É preciso observar para que a adoção não seja meramente oportunista”. Amaro Gomes, do Iasb, afirma que o dispositivo, cuja adoção é opcional, sempre esteve ao alcance das companhias e não vê empecilhos à sua adoção, desde que haja transparência por parte das empresas em relação à estratégia e o impacto sobre o patrimônio líquido nas notas explicativas. A contabilidade de hedge, cuja adoção é opcional, permite que a correção de parte da dívida em moeda estrangeira pelo câmbio seja diferida no patrimônio líquido e não transite imediatamente pela demonstração de resultados. Na Petrobras, a medida evitou perdas de R$ 7,98 bilhões no segundo trimestre. (NV) | |
Fonte: Valor Econômico |
O Blog tem a finalidade de divulgar temas, notícias e outros assuntos vinculados a contabilidade.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Turbulência testa normas contábeis
Fonte: CFC (Extraído do Valor Econômico)
Eike oferece fatia da OGX para credores
Fonte: www.1folha.uol.com.br/mercado/2013/08
Com sua petroleira perto de ficar sem dinheiro para manter as atividades, Eike Batista iniciou a negociação da reestruturação da dívida da OGX com os detentores dos papéis no exterior.
A ideia é convencê-los a converter os US$ 3,6 bilhões de dívida em participação acionária da OGX, diluindo a a fatia do empresário, que se tornaria minoritário.
Segundo a Folha apurou, os fundos Pimco e BlackRock, dois dos maiores credores, já acenaram com a possibilidade de aceitar se tornarem sócios de Eike. Mas ainda há uma longa batalha até chegar ao valor da conversão.
Os títulos da dívida da OGX são negociados hoje entre 15% e 25% do seu valor de face, o que já representa um forte desconto para os credores. A negociação é complicada e pode durar mais dois meses.
Chegar a um consenso com os credores tornou-se urgente desde que a Petronas, que se comprometeu a adquirir 40% do campo de Tubarão Martelo (na bacia de Campos), condicionou o pagamento à reestruturação da dívida.
A notícia foi uma surpresa para a OGX. Ela dependia do dinheiro da empresa da Malásia para manter as atividades e contava com a ajuda dela na negociação com credores.
"O acordo ainda está pendente de uma visão clara. A reestruturação da dívida tem que ocorrer primeiro", disse Shamsul Azhar Abbas, diretor-executivo da Petronas, a repórteres na Malásia.
SEM DINHEIRO
Segundo relatório do Deutsche Bank, sem o pagamento da Petronas, o caixa da OGX acaba até o fim de outubro. A empresa fechou o segundo trimestre com R$ 722 milhões em caixa, após gastar seus recursos em investimentos, juros e no pagamento de multa à OSX, estaleiro do grupo de Eike.
Para o banco, o caixa da OGX não é suficiente para pagar fornecedores, funcionários, fazer os investimentos mínimos e honrar os juros da dívida no exterior.
No seu balanço, a petroleira afirma que, "para manter a continuidade das operações", depende do pagamento das parcelas do acordo com a Petronas, da entrada em produção do campo de Tubarão Martelo e da possibilidade de obrigar o controlador a injetar US$ 1 bilhão na companhia.
Para analistas, a OGX tem poucas chances de conseguir colocar Tubarão Martelo em produção sem a Petronas. O mercado também não acredita que Eike vá colocar na empresa os recursos prometidos.
O aperto de caixa é tão grande que a OGX anunciou ontem que desistiu de ficar com os blocos que adquiriu sozinha na 11ª rodada de área de petróleo e gás natural da ANP, em maio, sob o argumento de não querer assumir mais riscos exploratórios.
A empresa teria que pagar R$ 370 milhões pelos blocos até sexta-feira. Com a decisão de devolver nove blocos e ficar com quatro, a conta caiu 74%, para R$ 95,9 milhões.
A OGX disse que vai devolver os blocos nas bacias de Barreirinhas (três), Ceará (um), Foz do Amazonas (um) e Parnaíba (quatro), pelos quais pagará R$ 3,4 milhões em penalidades. Os quatro blocos adquiridos com ExxonMobil, Total e Queiroz Galvão Exploração e Produção serão mantidos.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Seguradoras oferecem cobertura específica para contadores
Extraído: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=131814
Seguro de Responsabilidade Civil Profissional
garante a profissionais autônomos e escritórios de contabilidade a indenização
de valor gerado em decorrência de erros ou omissões ocorridos durante a
prestação do serviço
A contratação de um seguro
envolve uma lógica contraditória: independentemente da modalidade, quem opta
pela adesão espera não ter a necessidade de utilizar o serviço. O que garante a
atratividade das apólices é a segurança que elas oferecem, seja no caso de
perdas tradicionalmente cobertas, como roubo ou danos a carros e imóveis, ou,
em casos mais específicos, quando profissionais de diversas áreas correm o
risco da responsabilização por falhas – o Seguro de Responsabilidade Civil
Profissional, que ganha cada vez mais espaço junto aos contadores. O risco existe
e é conhecido da categoria, mas arcar com ele pode ser excessivamente oneroso.
Foi em busca dessa
segurança que o contador Nadir Tonús, proprietário do escritório Tonus
Organizações Contábeis, aderiu ao seguro. “Quando contratei o serviço, fiquei
com o pé atrás, pensando se no dia em que eu precisasse, eles realmente iriam
nos reembolsar”, conta Tonús, que mantém o seguro há 10 anos.
A certeza de que a
cobertura é realmente efetiva veio em outubro de 2011, quando houve um erro de
cobrança tributária no escritório. O fato ocorreu em 2009, com a substituição
tributária do ICMS para alguns produtos que não foi devidamente registrada no
software por uma funcionária. A falha, quando constatada espontaneamente pela
empresa, havia gerado uma conta de R$ 180 mil em impostos e mais R$ 42 mil em
multas e juros em relação às contas de um cliente. “Nosso cliente foi
prontamente informado e não se recusou a pagar os impostos devidos”, lembra
Tonús. O escritório assumiu a responsabilidade pelo erro e o pagamento das
multas e juros foi ressarcido pelo seguro.
O contador destaca que a
resposta da seguradora foi ágil e levou três meses entre o acionamento e o
depósito do valor, e que a empresa ficou satisfeita com a atuação do escritório.
“É um bom cliente e está conosco há muito tempo, mas, depois disso, as relações
se fortaleceram e ele nos indica sempre para outras pessoas”, conta. A
desconfiança em relação à modalidade de cobertura já não existe, e o contador
assegura que não existe mais a possibilidade de o escritório ficar sem o
seguro, que considera um serviço com custo justo em razão do benefício que
oferece. Anualmente, gasta R$ 1,6 mil com a apólice.
“O dia em que eu vi o
valor na minha conta, eu liguei para o meu corretor e dei os parabéns a ele
porque eu não acreditava em uma atuação tão precisa da seguradora”, destaca
Tonús, que se diz, agora, marqueteiro do próprio corretor e indica a modalidade
de seguro a todos os colegas. “Estou confiante de que se acontecer a minha seguradora
vai me reembolsar.”
Modalidade ganha cada vez mais
adeptos
Profissionais que aderiram
ao Seguro de Responsabilidade Civil Profissional, mesmo que sem nunca ter
recorrido a ele, atestam que não cogitam manter escritórios sem contar com a
segurança garantida pela cobertura. Luciano Biehl, da Aprove Contabilidade,
conta que aderiu à modalidade há três anos e que já foi questionado por
clientes se possuía esse tipo de cobertura. “É um item de segurança necessário.
Eu não tenho mais como viver sem esse tipo de seguro”, salienta.
A importância dada à
apólice faz todo sentido em face das responsabilidades assumidas pelo
profissional e do perfil dos clientes, que, cada vez mais, acompanham e exigem
direitos. “Esse tipo de seguro vem sendo montado e crescendo desde o Código de
Defesa do Consumidor. Desde lá, vem se notando crescimento expressivo”, destaca
o presidente da comissão de Responsabilidade Civil da Federação Nacional de
Seguros Gerais (FenSeg), Marcio Guerrero, que cita advogados e corretores de seguros
como os profissionais que mais procuram a cobertura. “Quanto mais profissionais
aderirem a essa apólice, a venda também se torna mais fácil para a seguradora e
isso se reflete em mais perspectiva de crescimento e melhorias nos produtos
ofertados”, assegura. “Ganha o segurado que alcança maior facilidade e produtos
diferenciados”, reforça.
“Desde que se iniciou o
Sped e as obrigações acessórias, é muito difícil atender tudo que o governo
exige. Não podemos pensar em deixar de cumprir com essas obrigações, mas o
seguro nos dá mais tranquilidade diante de tudo o que se exige do
profissional”, avalia José Inácio Lenz, da Lenz Bergesch Assessoria
Estratégica, que aderiu à apólice há dois anos. Lenz argumenta que as multas às
quais estão sujeitos os erros de contabilidade são astronômicas e que a
garantia do seguro tranquiliza o profissional e é um diferencial para os
clientes. “Sob hipótese nenhuma ficaremos sem esse seguro”, destaca.
Apólices garantem defesa dos
profissionais
Com produtos específicos
para cada tipo de profissional – entre eles, contadores, advogados e médicos –,
os seguros de responsabilidade civil cobrem, basicamente, reclamações
decorrentes de falhas profissionais na prestação de serviços, mas não se
restringem apenas ao ressarcimento, garantindo ampla defesa dos segurados,
tanto na esfera jurídica quanto na pública.
A prática entre as
principais seguradoras do mercado é oferecer apólices com a previsão de
pagamento de despesas com advogados e assessoria de imprensa, quando há
necessidade de defesa. “Hoje, a apólice é bem abrangente”, enfatiza Rodrigo
Granetto, gerente de erros e omissões da Ace Seguros, que tem como diferenciais
a garantia de cobertura para casos de dolo ou de atuação fraudulenta causados
por funcionários de escritórios de contabilidade.
“O segurado tem que entrar
com inquérito policial contra o funcionário, nesse caso”, ressalta Granetto,
que destaca ainda que o produto também contempla custos gerados por perda de
documento do cliente, gerenciamento de crise (assessoria de imprensa), defesa
jurídica e cobertura para erros decorrentes da atuação de subcontratados, de
vazamento ou roubo de informações cibernéticas e cobertura de despesas extras –
situação em que a seguradora adianta o pagamento para o cliente, que, posteriormente,
apresenta documentos comprobatórios.
Outra seguradora que
oferta produto específico para contadores é a AIG Brasil, cujos diferenciais,
reforça o gerente de linhas financeiras, Lucas Scortecci, incluem extensão de
cobertura para calúnia, injúria e difamação; para comparecimento ao Tribunal;
não aplicação de franquias para perda, roubo, furto ou extravio de documentos,
além de assegurar cobertura de custos para restituição de imagem. “Os
benefícios são os mesmos para qualquer profissão, mas o contador está muito
sujeito a erros como perda de prazo em envio de declarações para órgãos
reguladores, ou então no cálculo de alíquotas de tributos por conta de
dificuldades que a nossa complexa legislação tributária traz”, pondera
Scortecci.
As duas seguradoras
registram desempenho acima da média nacional neste ano para a modalidade de
responsabilidade civil profissional. “É um mercado que cresceu 24% só nos
primeiros seis meses do ano”, menciona Granetto, lembrando que a procura tende
a crescer cada vez mais. “A velocidade como muda a legislação, principalmente,
para o contador, o erro, inevitavelmente, acaba acontecendo, então, vemos como
uma modalidade com perspectivas contínuas de crescimento e que vai crescer cada
vez mais dentro da Ace.” A classe contábil, avalia Scortecci, é uma das mais
suscetíveis a reclamações, justificando aumento da adesão entre contadores. “O
produto é conhecido por uma boa parcela dos contadores, principalmente nas
grandes capitais. Por conta dos benefícios oferecidos pelo seguro e pelo
aumento de reclamações registrados nos últimos meses, acreditamos que a procura
deverá seguir crescendo significativamente nos próximos meses.”
Para garantir atendimento
aos segurados, as empresas investem em equipes multidisciplinares para avaliar
riscos e sinistros. “Temos uma equipe focada 100% nisso, que consegue de forma
fácil entender o segurado e retornar com brevidade a indenização ou o envio de
resposta negativa quando for o caso”, relata o gerente de erros e omissões da
Ace, que garante pagamento do valor sinistro em um mês, contadas a partir do
recebimento da documentação.
Essas equipes também
avaliam os casos que não entram na cobertura do seguro. As chamadas cláusulas
excludentes determinam situações em que a cobertura não vale. “Nosso produto
não cobre atos dolosos, processos conhecidos e situações que não fazem parte do
conceito do seguro, tais como defeitos em produtos manufaturados,
industrializados e má performance”, afirma Scortecci. Na Ace, garantias dadas
pelos segurados aos clientes não são passíveis de cobertura. “Se o segurado
prometeu para o cliente enviar relatório em dois dias e envia em três, essa
garantia dada por ele não é alvo de cobertura”, determina Granetto.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Petrobrás e Braskem terão de explicar balanços
Fonte: O
Estado de S.Paulo (13/08/2013)
Processos abertos contra as empresas, pela CVM, devem analisar a contabilização do câmbio nos balanços, que evitou prejuízos
Processos abertos contra as empresas, pela CVM, devem analisar a contabilização do câmbio nos balanços, que evitou prejuízos
RIO - A adoção da
contabilidade de hedge (proteção) por companhias abertas para reduzir o impacto
da alta do dólar nos resultados do segundo trimestre está sendo apurada pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O regulador pediu explicações para pelo menos
dois grupos: Petrobrás e Braskem.
Uma consulta a dados
públicos revela que a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM
abriu processos administrativos para analisar as informações trimestrais dessas
companhias. O da estatal foi iniciado ontem, três dias após a publicação do balanço
financeiro do segundo trimestre.
Consultada, a CVM informou
que não comenta casos específicos. No entanto, confirmou que a SEP "está
analisando o referido tema contábil para um conjunto de companhias, no âmbito
do Sistema de Supervisão Baseada em Risco (SBR)".
A prática da contabilidade
de hedge é legal e autorizada no País desde 2009. A opção por esse modelo já
foi feita anteriormente por grandes companhias. A hipótese é que a CVM esteja
questionando o momento e a forma como as duas empresas comunicaram ao mercado a
nova política. Esse mecanismo neutraliza parte do impacto da variação sobre a
dívida da empresa no curto prazo.
Em entrevista coletiva
ontem, o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, afirmou que a
contabilidade de hedge "veio para ficar".
Para Barbassa, a
contabilidade de hedge é um instrumento muito útil para países em
desenvolvimento, que têm maior dificuldade de captar recursos no mercado
internacional "e acabam expostas a variações". Além disso, reduz a
volatilidade no resultado fruto de variações cambiais.
Repercussão. A decisão da Petrobrás teve
forte repercussão no mercado por ter sido tomada em meio à escalada do dólar.
No segundo trimestre do ano
passado, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de
R$ 1,346 bilhão, o primeiro balanço no vermelho desde a maxidesvalorização do
real, em 1999.
Tanto a estatal quanto a
Braskem passaram a adotar a contabilidade de hedge em maio. No entanto, as
companhias só comunicaram a nova prática ao mercado em julho, quando os
balanços já estavam fechados.
É possível que a CVM também
olhe a maneira como o impacto dessa contabilidade foi destrinchada nos
balanços. Outro ponto é verificar se as companhias cumpriram o trâmite
necessário à adoção do hedge. Por exemplo, se há garantias de receita futura
compatível com a perda contábil referente ao efeito do câmbio sobre a dívida.
Na contabilidade de hedge
as exportações são usadas como proteção contra a variação da dívida em moeda
estrangeira. A manobra elimina o descasamento contábil entre os efeitos
benéficos da valorização do câmbio na receita de empresas exportadoras - mais
demorado - e o imediato peso negativo sobre a variação da dívida em moeda
estrangeira.
A decisão da Petrobrás de
adotar a mudança a partir de maio evitou um resultado trimestral fraco. O lucro
de R$ 6,201 bilhões reportado entre abril e junho foi alcançado porque um
montante de R$ 7,982 bilhões em perdas cambiais não foi contabilizado no
resultado, mas no patrimônio líquido da empresa.
No caso da Braskem, o hedge
adotado evitou que o prejuízo líquido de R$ 128 milhões no segundo trimestre
fosse mais de oito vezes superior.
O prejuízo da petroquímica
teria chegado a R$ 1,082 bilhão no período, segundo a própria empresa.
O início da temporada de balanços
do segundo trimestre já indica que nos próximos meses outras companhias tendem
a usar a contabilidade de hedge. A mineradora Vale informou que estuda a adoção
da prática.
No entanto, o presidente da
Vale, Murilo Ferreira, declarou em teleconferência com analistas e investidores
que a empresa decidiu não usar a prática no segundo trimestre para não parecer
uma medida "casuística".
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Erros na elaboração dos Demonstrativos Contábeis (IFRS/CPC)
Extraído: http://www.pwc.com.br/pt/ifrs-brasil/navegador-contabil/demonstracoes-financeiras-primarias.jhtml
Demonstrações
Financeiras primárias (os quadros) – erros comuns e itens a serem considerados
Baseado em nossa experiência
com a revisão de demonstrações financeiras (DFs) preparadas conforme o IFRS e,
também, com os novos CPCs, destacamos abaixo alguns dos erros mais comuns
relativos aos quadros (às demonstrações financeiras primárias). A lista não
pretende ser exaustiva, mas já é um bom começo para se ter uma idéia da
quantidade de detalhes que muitas vezes podem passar despercebidos.
Balanço
Participação dos não
controladores
|
A participação dos não
controladores, embora deva ser destacada, deve ser apresentada dentro do
patrimônio líquido. [IAS 1 / CPC 26.54]
|
IR/CS diferidos no longo prazo
|
Os ativos e passivos de
tributos sobre a renda (IR/CS) diferidos devem ser classificados sempre no
longo prazo no balanço, mesmo que a expectativa de sua realização seja de
curto prazo. Em nota explicativa é que se deve fazer a distinção da parcela
de curto prazo.
[IAS 1 / CPC 26.56] |
Impostos indiretos e impostos
de renda
|
Os ativos e/ou passivos por
imposto de renda e contribuição social devem ser apresentados separadamente
dos ativos e passivos de tributos indiretos (PIS, COFINS, IPI, etc). [IAS 1 /
CPC 26.54(n)]
|
Confusão entre “ativos
mantidos para venda” e ativos “disponíveis para venda”
|
Ativos mantidos para venda são
ativos ou grupos de ativos não circulantes que serão vendidos no curto prazo
e foram classificados assim conforme IFRS 5 / CPC 31.
Ativos “disponíveis para venda” fazem parte de uma categoria de instrumento financeiro classificado conforme IAS 39 / CPC 38. |
Apresentação bruta/líquida das
provisões e depósitos judiciais
|
As circunstâncias devem ser
analisadas cautelosamente para determinar se uma apresentação bruta ou
líquida é apropriada. A suspensão da exigibilidade de um tributo, e a
impossibilidade do resgate do depósito, são indícios fortes de que esse
depósito deve ser apresentado reduzindo o saldo do correspondente contas a
pagar. Quando não existe estes indícios o depósito é normalmente apresentado
como ativo. A análise deve ser feita caso a caso. Não se pode,
indiscriminadamente, apresentar provisões/tributos a pagar líquidos de
depósitos judiciais. Em geral, esperamos que alguns depósitos atendam a
definição para apresentação pelo líquido e outros não. [IAS 1 / CPC 26.32]
|
Demonstração do resultado
Misturando apresentação das
despesas por função e por natureza
|
Despesas devem ser
apresentadas por função (ex. Custo de venda, Despesas Administrativas,
Despesas de Vendas) ou por natureza (ex. Despesas com pessoal, Despesas com
matérias primas, Depreciação e amortização). Não se pode misturar os dois
modelos (ex. Custo de venda, Despesas Administrativas, Depreciação e
amortização). [IAS 1 / CPC 26.99]
|
Não apresentar o lucro por
ação (básico e diluído)
|
As companhias abertas, em suas
DFs consolidadas de acordo com o IFRS, devem apresentar lucro por ação, tanto
básico quanto diluído, na demonstração do resultado (i.e. não pode ser em
nota explicativa, exceto demonstrativo detalhado do cálculo), com base no
número de ações médio do período. [IAS 33.66] Até que seja emitido em forma
final o CPC que trata do lucro por ação, há diferenças de prática contábil
entre BR GAAP e IFRS neste tema. O lucro por ação deve ser apresentado por
classe de ação.
|
“Receita bruta” apresentada na
demonstração de resultado
|
A receita a ser apresentada na
demonstração de resultado deve ser a “receita” como definido no IAS 18 / CPC
30. Neste caso, em geral a demonstração do resultado deve partir do que
anteriormente chamávamos no BR GAAP de “receita líquida de vendas”. Portanto,
não é mais aceitável apresentar no resultado a “receita bruta”, que em geral
inclui impostos sobre vendas e é anterior as deduções de vendas (descontos,
abatimentos, devoluções etc).
|
Apresentação de “despesas não
recorrentes"
|
Devem ser apresentados linhas
adicionais de despesas, ganhos ou perdas relevantes na demonstração de resultado,
quando essa apresentação for relevante para o entendimento do desempenho da
companhia no período. Isso não significa que “despesas não recorrentes” podem
ser apresentadas como uma linha separada e identificada como tal na
demonstração de resultado. [IAS 1 / CPC 26.85]
|
Apresentação liquida de
despesas e receitas financeiras
|
Despesas e receitas
financeiras devem ser apresentadas separadamente na demonstração de
resultado. [IAS 1 / CPC 26.82(b)]
|
Recomendação: É melhor
apresentar os ganhos e perdas cambiais em uma linha separada no resultado
financeiro, ou mesmo na linha de outras receitas e despesas operacionais,
divulgado os valores em nota explicativa. O mais importante é não tratá-los
como despesas e receitas financeiras.
|
Demonstração de resultado abrangente
Não atribuição do resultado
abrangente entre acionistas controladores e não controladores
|
Tanto o resultado abrangente
quanto o resultado do exercício devem ser atribuídos aos acionistas da
companhia e aos não controladores (minoritários). [IAS 1 / CPC 26.83]
|
Não apresentação de uma
demonstração de resultado abrangente separada
|
O CPC 26 não permite
apresentar uma demonstração de resultado abrangente que compreende tanto o
resultado do exercício quanto os outros resultados abrangente. Portanto, essa
demonstração deve ser apresentada separadamente da demonstração do resultado.
Alternativamente, o CPC 26, diferente do IAS 1, permite apresentar o
resultado abrangente na demonstração de mutações no patrimônio liquido. [CPC 26.10]
[IAS 1 / CPC 26.56] |
Demonstrações das mutações do patrimônio líquido (DPML)
O saldo de reservas legais e
estatutárias são diferentes entre DFs societárias e DFs em IFRS
|
As reservas legais e
estatutárias (ex. reservas de capital, legal, para investimento etc) devem
ser iguais nas demonstrações financeiras societárias e nas demonstrações
financeiras consolidadas de acordo com o IFRS. Quaisquer diferenças de GAAP
devem ser tratadas em conta de lucros acumulados ou de avaliação patrimonial,
dependendo do caso.
|
Lucros acumulados zerados ou
não
|
As sociedades por ação devem
ter eventual saldo de lucros acumulados destinado ao final do exercício, nas
DFs societárias. Nas DFs consolidadas de acordo com o IFRS, pode haver saldo
de lucros acumulados, decorrente de eventuais diferenças entre o patrimônio
líquido conforme BR GAAP e IFRS. È importante deixar claro ao leitor que esse
saldo não está sujeito à distribuição, uma vez que a base de distribuição de
resultados são as DFs societárias.
[IAS 1 / CPC 26.56] |
Impostos indiretos e impostos
de renda
|
Os ativos e/ou passivos por
imposto de renda e contribuição social devem ser apresentados separadamente
dos ativos e passivos de tributos indiretos (PIS, COFINS, IPI, etc). [IAS 1 /
CPC 26.54(n)]
|
Omissão da coluna dos não
controladores
|
A DMPL deve mostrar todas as
movimentações no patrimônio líquido, incluindo a parte atribuível aos não
controladores. [IAS 1 / CPC 26.106]
|
Não segregação das
movimentações do patrimônio liquido entre resultado do período, outros
resultados abrangentes e transações com acionistas da empresa
|
Toda coluna da DMPL deve
apresentar em forma separada quais das movimentações correspondem ao
resultado do período, a outros resultados abrangentes ou a transações com
acionistas na sua condição de acionistas (separando contribuições feitas,
distribuições de dividendos e mudanças em participação em subsidiarias sem
perda de controle) [IAS 1 / CPC 26.106 (d)]
|
Demonstração dos fluxos de caixa
Apresentação liquida de
captações e amortizações de empréstimos
|
As captações de recursos
(empréstimos, financiamentos etc) devem ser apresentadas numa linha separada
de suas amortizações. A apresentação pelo líquido é comum somente para
instituições financeiras. [IAS 7.21 / CPC 03.23]
|
Classificação equivocada de
captações e concessões de empréstimos
|
Captar um empréstimo é
atividade de financiamento; emprestar recursos é atividade de investimento.
Como exemplo, podemos ter uma companhia tomando empréstimo da controladora,
transação essa que deve ser tratada como atividade de financiamento e, por
outro lado, emprestando recursos para uma coligada, o que deve ser tratado
como atividade de investimento. Essas operações não devem ser tratadas como
“variações nos saldos de partes relacionadas” dentro das atividades operacionais,
exceto se se tratar de conta corrente.
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Recomendação: Para que a DFC
não fique muito grande, a administração pode, alternativamente, apresentar a
reconciliação do lucro para o caixa gerado nas operações em uma nota
explicativa às demonstrações financeiras. Ver Nota 36 das DFs ilustrativas da
PwC “IFRS Primeira Adoção S.A.”
|
Demonstração de valor adicionado (DVA)
Apresentação como demonstração
principal (quadro) nas DFs consolidadas em IFRS
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A DVA é uma demonstração
principal segundo os CPCs. A DVA não tem previsão no IFRS e, portanto, não
pode ser tratada como demonstração primária nas DFs segundo esse padrão. Sugerimos
que, quando incluída, a DVA consolidada em IFRS seja apresentada em uma nota
explicativa às DFS. [IAS 1 / CPC 26.10]
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terça-feira, 6 de agosto de 2013
Proposta desobriga publicação de balanço de empresa em jornais
Fonte: http://www2.camara.leg.br
"A Câmara analisa o Projeto de Lei 5061/13, do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que desobriga empresas com capital aberto de divulgar seus balanços e outras informações financeiras em jornais de grande circulação.
A legislação atual (Lei 9.457/97) determina que algumas informações contábeis e financeiras sejam publicadas no órgão oficial da União ou do estado ou do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja localizada a sede da empresa, e em outro jornal de “grande circulação”.
O projeto também obriga a divulgação do documento na Internet em até 24 horas a partir da sua publicação. As empresas deverão ainda comunicar a publicação aos seus acionistas, com antecedência mínima de 72 horas. A medida valerá para editais, convocações, balanços, citações e avisos.
“As publicações em jornais de grande circulação são muito onerosas e envolvem um grande desperdício de papel, que vem sendo substituído gradativamente pela internet”, argumentou o deputado.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; e de Constituição e Justiça e de Cidadania."
Para consultar o projeto:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=565773
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